13 de mai. de 2013

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Na estranha anomalia de minha existência, os sentimentos nunca me proviam do coração, e minhas paixões eram sempre de espírito. Através do crepúsculo matutino, entre as sombras estriadas da floresta, ao meio dia, e no silêncio de minha biblioteca, à noite, esvoaçara ela diante de meus olhos e eu a contemplara, não como a viva e respirante Berenice, mas como a Berenice de um sonho; não como um ser da terra, terreno, mas como a abstração de tal ser; não como coisa para admirar, mas para analisar; não como um objeto de amor, mas como o tema da mais abstrusa, embora inconstante, especulação. E agora... agora eu estremecia na sua presença e empalidecia à sua aproximação; 

Berenice - Edgar Allan Poe

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