21 de abr. de 2014

Antropocentrismo poético

Existem pessoas que são tão grandes que não cabem em si, e não digo grande de centímetros ou metros, mas sim de sentimentos. Provavelmente sou dessas, as vezes sinto que vou transbordar, estou tão cheia de mim que me vejo em todos os lugares, me vejo em todas as cores e quadros, me vejo na imensidão do céu e por todo o cosmos. E encho-me cada vez mais, tomo porres de mim mesma e me embebedo com meu eu. Parece egocêntrico, mas afinal o que temos além de nós mesmos? Se não estivermos tão cheios assim de nós o que irá nos encher? 

Cheia de mim,contenho o universo inteiro aqui dentro. E assim como ele se expande expando-me também, me tornando cada vez maior e mais cheia de todas essas coisas efêmeras, que pairam entre a euforia e o desgosto. No papel eu me borro como aquarela num mix de tons variados, que se encaixam perfeitamente como pequenos planetas não explorados e cheios de mistério e poeira intergaláctica.  Me sinto sublimemente infinita. E fico em êxtase, a espera de um explorador destemido, disposto a se aventurar em minhas mazelas e alegrias tão infinitas quanto eu, nos calabouços mais sombrios da minha alma e nos campos floridos de minhas memórias, o que é estar vivo? É sentir-se cheio de si, é sentir-se inundar de seus próprios sentimentos e conte-los sem dar chance a uma gota se quer, desse mar sem fim, sair.

Em espasmos busco pelo remédio, a porção que me diminua e que me estanque. Só que saio em jatos pela boca e pelas mãos em letras e em textos. Eu vomito poesia para não me afogar em mim, e ai de quem se atreve a entrar nesse mundo de avalanches e tempestades, dominado por olhos grandes e negros que sugam sentidos e gostos para dar lugar aos mais afrodisíacos estados de transcendência.

Talvez a culpa seja da solidão, estar só fora a causa de tudo isso. A causa de todo esse antropocentrismo poético que habita em mim, talvez guardar tudo tenha criado uma molécula que de tão densa explodiu como o Big Bang. Ou talvez eu seja tão pequena ao ponto de não compreender-me, acho que essa é a explicação; sou pequena demais, sozinha demais, corajosa demais,intensa demais e minimamente infinita. 
Sou maior que meus textos e menor que meu coração.   

W.S

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